Batizado de A Mesa Vermelha, o documentário dirigido pela cineasta Tuca Siqueira é narrado a partir de depoimentos, das lembranças e denúncias dos ex-presos políticos. O filme retrata também como era a convivência, as diferenças, os rachas, as greves de fome e o sentimento de solidariedade existente entre eles. “O filme começa abordando o contexto político, o que levou aquelas pessoas a atuarem em organizações, a luta, a queda e a chegada deles à prisão”, revela Tuca Siqueira.
Em vez de levá-los para as duas unidades prisionais para que eles recontassem a história, a cineasta optou por criar um novo elemento. Uma mesa vermelha foi especialmente introduzida em algumas cenas para representá-los nas mais diversas situações. “A mesa representava a presença deles em torno dela. Ela tem o simbolismo de congregar, tomar decisões, debater e fazer reuniões”, explicou.
O documentário faz parte do Movimento Tortura Nunca Mais e projeto Marcas da Memória da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. Idealizado pelas ex-presas políticas Lilia Gondim e Yara Falcón, elas contam que a iniciativa surgiu após a experiência do curta sobre o reencontro das ex-presas políticas 40 anos depois. “É um reencontro com a história. Uma lacuna que está sendo preenchida. É a história viva. Passamos muito tempo sem falar nada. Tínhamos receio”, relata Yara Falcón.
O projeto previa 24 depoimentos, mas um dos personsagens, Chico Monteiro, conhecido como Chico Passeata, faleceu antes do projeto ser aprovado. “Ele era poeta e fizemos uma homenagem inserindo um dos trechos de seus poemas na gravação”, informou Lilia.
Saiba mais
Documentário: A Mesa Vermelha
Tempo de duração: 1h17 minutos
Data de exibição: 27 de maio
Local: Cinema São Luiz
Horário: 20h
Direção e roteiro do documentário: Tuca Siqueira
Idealizadoras do projeto: Lilia Gondim e Yara Falcón
O documentário foi realizado com apoio do projeto Marcas das Memória, da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça
Os anos de chumbo no Brasil são contados por 23 ex-presos políticos que estiveram durante três, quatros e até dez anos de suas vidas detidos entre a antiga Casa de Detenção, atual Casa da Cultura, e a Penitenciária Professor Barreto Campelo, em Itamaracá
Os ex-presos políticos eram encaminhados para duas unidades prisionais depois do período de torturas e interrogatórios para responder a processos e cumprir as penas
Estima-se que, de 1969 a 1979, passaram pela antiga Casa de Detenção cerca de cem presos políticos e 40 na Penitenciária Barreto Campelo
Além do documentário, foi criado um site chamado Mesa Vermelha. Os internautas poderão acompanhar os depoimentos individuais e as cinco mesas de debates
Fonte: Diário de Pernambuco.com.br, 27/05/13, disponível em: http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/politica/2013/05/26/interna_politica,441458/resgate-da-memoria-dos-anos-de-chumbo.shtml
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