15/04/2013 - 18h33
Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – A ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do
Rosário, disse que pedirá a federalização de todo processo de denúncia,
investigação e julgamento dos crimes praticados contra a população em
situação de rua na cidade de Goiânia. Hoje (15), foi registrada mais uma
morte, elevando para 28 o número de assassinatos de pessoas que vivem
nas ruas da capital de Goiás, em menos de oito meses.
“Vou registrar junto ao procurador-geral da República um pedido de
federalização, porque não basta federalizarmos nesse caso [apenas] a
investigação. Não se trata de a Polícia Federal entrar ali para dar
apoio ao estado. Trata-se de verificarmos se em Goiânia e em Goiás nós
temos no tecido do estado o envolvimento de pessoas com crime”, disse a
ministra, após participar de reunião com o prefeito de São Paulo,
Fernando Haddad.
“Não basta pensarmos em federalizarmos a investigação, nós precisamos
que o inquérito seja federal. Nós precisamos que a denúncia seja por
parte do Ministério Público Federal e que o julgamento seja pelas
autoridades federais”, acrescentou.
Segundo a ministra, a secretaria está fazendo um levantamento das
deficiências dos inquéritos da polícia e de circunstâncias relevantes
não denunciadas ao Ministério Público para apresentar o pedido de
deslocamento de competência dos casos para a esfera federal. A petição
será feita ainda esta semana.
“Nós temos criminosos agindo ao mesmo tempo em que as autoridades
fecham os olhos e os mantêm impunes. Isso é uma responsabilidade do
estado, e o estado de Goiás não está cumprindo. Vamos pedir ao MPF a
federalização desses crimes, uma vez que nem a polícia, nem o Ministério
Público, nem o Judiciário do estado de Goiás demonstram estar a altura
da missão que têm, de manter a ordem e os direitos humanos da sua
população”, destacou a ministra.
Maria do Rosário ressaltou ainda que a secretaria não tem “qualquer
dúvida” do envolvimento de grupos de extermínio na morte dos moradores
de rua, e que policiais já foram apontados como responsáveis e
participantes dos assassinatos. A ministra ressalvou, no entanto, que há
falta de políticas públicas para a população de rua.
“[A situação em Goiânia não é decorrente] apenas da ausência de política pública. É, de um lado, a ausência de política pública, de acolhida e de atendimento mas, de outro lado, a inoperância ou envolvimento, as autoridades do estado me respondam, se é exclusivamente inoperância ou envolvimento de agentes do estado com a morte desses moradores, dado o fato da investigação não levar à responsabilização de ninguém”.
O chefe da Delegacia de Investigações de Homicídios (DIH), delegado Murilo Polati, rebateu hoje as denúncias de que as mortes estariam associadas à atuação de um grupo de extermínio que contaria com a participação ou a conivência de policiais e de autoridades do governo estadual. “Vejo uma tentativa de politizar o assunto. O que me parece é que a morte de um morador de rua tem mais peso do que a vida dele, porque vejo muito pouco sendo feito para tirá-los da rua. Vejo as críticas e as acusações às polícias Civil e Militar e penso que [enquanto estavam] vivos essas pessoas não receberam a mesma atenção”, disse o delegado à Agência Brasil.
Fonte: Agência Brasil, 15.04.13, disponível em:http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-04-15/ministra-pedira-federalizacao-de-crimes-contra-moradores-de-rua-em-goiania
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