segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Fé e diversidade (Artigo Diário do Nordeste)


28.01.2013


O Brasil, para orgulho geral, tão plural e multicultural, é tido no estrangeiro como celeiro para o sincretismo. Mas será que, dando cabo das expectativas mundo afora, de fato é um país tolerante? As queixas formais registradas pelo Disque 100 da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, nos últimos meses, infelizmente atestam que não. 

Inúmeros têm sido os casos de fanatismo religioso, consumados em forma de  desprezo com credos divergentes, hostilidades com cultos alheios, constrangimentos morais e violência física, situações sempre mais graves quando relacionadas à espiritualidade de setores sociais já submetidos a preconceitos de outras ordens, como, por exemplo, as religiões afro-brasileiras e de tradição indígena. 

O fato do Brasil se declarar um Estado laico não pode servir para justificar sua omissão em questões de conflito religioso. Por isso mesmo, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência está de parabéns por, aproveitando a passagem do Dia Nacional de Enfrentamento à Intolerância Religiosa (21 de janeiro), instalar o Comitê Nacional de Diversidade Religiosa, composto por representantes de múltiplos credos. 

Afinal, somente com o diálogo e eventualmente com a aplicação de políticas públicas sérias, de prevenção (em especial de educação) e sanção, será possível superar as barreiras que o preconceito impõe ao contato entre as pessoas e à sadia convivência.  

Quando estivemos à frente da Coordenadoria Especial de Políticas Públicas dos Diretos Humanos/CE iniciamos a discussão sobre a instituição de  um comitê do gênero no Estado. Torçamos para que a ideia prospere.

Marcelo Uchôa

Advogado e professor da Unifor

Fonte: Diário do Nordeste, Opinião, 28/01/13, disponível em: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1228114

Nenhum comentário: