Tatiana Félix
Jornalista da Adital
Adital
O Conselho
Indigenista Missionário (CIMI), a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e outras
organizações, emitiram, no último dia 5, uma nota de solidariedade a Dom Pedro
Casaldáliga, quem vem sendo alvo de ataques de fazendeiros, políticos e meios
de comunicação, que são contrários a uma ação da justiça, que decidiu tirar
invasores das terras indígenas Marãiwatsèdè, depois de 20 anos.
A terra está
localizada entre os municípios de São Félix do Araguaia e Alto da Boa Vista, na
região norte do Mato Grosso (Brasil) e pertence aos indígenas da etnia Xavante.
Mas, há décadas o povo xavante enfrenta uma batalha contra fazendeiros,
posseiros, assentados da reforma agrária e empresas agropecuárias pela posse da
terra. No meio, Dom Pedro Casaldáliga, sofre ataques e ameaças por defender os
direitos do povo indígena.
"Neste momento de
desespero, uma das pessoas mais visadas pelos invasores e pelos que os defendem
é Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Félix do Araguaia, a quem estão
querendo, irresponsável e inescrupulosamente, imputar a responsabilidade pela
demarcação da área Xavante nas terras do Posto da Mata”, expressa a nota.
As organizações
ressaltam que Dom Pedro sempre atuou na defesa dos interesses dos mais pobres, dos
povos indígenas, dos posseiros e dos peões. E esclarece que desde a década de
30, há registro da presença dos indígenas xavantes na terra Marãiwatsèdè. Foi a
partir dos anos 60, com a chegada de empresas agropecuárias e da Suiá Missu,
que os indígenas começaram a ser expulsos de seu território e, desde então, foi
travada uma batalha para impedir que eles permanecessem no local, sendo então a
área ocupada por fazendeiros, políticos e comerciantes. Segundo relata a nota,
"muitos pequenos foram incentivados e apoiados a ocupar algumas pequenas áreas
para dar cobertura aos grandes”.
"Só agora é que a
justiça está reconhecendo de maneira definitiva o direito maior dos
índios. O que D. Pedro sempre pediu, em relação a esta terra, foi que os
pequenos que entraram enganados, fossem assentados em outras terras da Reforma
Agrária. Mas o que se vê é que, ontem como hoje, os pequenos continuam sendo
massa de manobra nas mãos dos grandes e dos políticos na tentativa de não se
garantir aos povos indígenas um direito que lhes é reconhecido pela
Constituição Brasileira”, explicam.
Em virtude dessa
situação é que as organizações manifestam sua solidariedade ao bispo e
denunciam o ataque "daqueles que tentam eximir-se da sua responsabilidade sobre
a situação de sofrimento, tensão e ameaça de violência que eles mesmos criaram,
jogando esta responsabilidade sobre os ombros de nosso bispo emérito”,
finalizam.
Fonte: Adital, 10/12/12, disponível em: http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cat=10&cod=72742
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