sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Jovem negro corre mais risco

18.10.2013

Brasília. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre racismo no Brasil, divulgado ontem, revela que a possibilidade de um adolescente negro ser vítima de homicídio é 3,7 vezes maior do que a de um branco. Segundo o estudo, existe racismo institucional no País, expresso principalmente nas ações da Polícia, mas que reflete "o desvio comportamental presente em diversos outros grupos, inclusive aqueles de origem dos seus membros".

O estudo faz parte do Boletim de Análise Político-Institucional do Ipea, publicado ontem FOTO: FUTURA PRESS

Intitulado Segurança Pública e Racismo Institucional, o estudo faz parte do Boletim de Análise Político-Institucional do Ipea e foi elaborado por pesquisadores da Diretoria de Estudos e Políticas do Estado das Instituições e da Democracia (Diest). "Ser negro corresponde a fazer parte de uma população de risco: a cada três assassinatos, dois são de negros", afirmam Almir Oliveira Júnior e Verônica Couto de Araújo Lima, autores do estudo.

Na apresentação do trabalho, na sede do Ipea, em Brasília, o diretor da Diest, Daniel Cerqueira, que, do Rio, participou do evento por meio de videoconferência, apresentou outros dados que ratificam as conclusões da pesquisa sobre o racismo institucional. Segundo ele, mais de 60 mil pessoas são assassinadas a cada ano no Brasil, e "há um forte viés de cor/raça nessas mortes", pois "o negro é discriminado duas vezes: pela condição social e pela cor da pele". Por isso, questionou Cerqueira, "como falar em preservação dos direitos fundamentais e democracia" diante disso?

Para comprovar o que disse, Cerqueira apresentou estatística demonstrando que as maiores vítimas de homicídios no Brasil são homens jovens e negros, "numa proporção 135% maior do que os não negros: enquanto a taxa de homicídios de negros é de 36,5 por 100 mil habitantes. No caso de brancos, a relação é de 15,5 por 100 mil habitantes". 


Fonte: Diário do Nordeste, 18/10/13, disponível em: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1329075

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