Recentemente, o Senado retirou o nome de Filinto Müller, ex-chefe da
Polícia de Vargas, que determinou a deportação de Olga Benário para a
Alemanha nazista, de uma de suas alas. A decisão merece aplausos.
O
nível de estabilidade política do país não permite mais homenagens à
memória de quem assacou contra a democracia e os princípios fundamentais
da pessoa humana.
No momento em que acompanhamos os passos iniciais da
Comissão Nacional da Verdade, devemos ampliar as reflexões acerca do que
significaram os períodos de ditadura para aqueles que foram diretamente
oprimidos e para a vida do país, a fim de entendermos, ademais dos
retrocessos econômico e social, o porquê do Brasil ainda sofrer com
vícios difíceis de superar - patrimonialismo sobre a coisa pública,
violência policial, cultura da tortura, etc.
Entre 3 e 4 de agosto
receberemos a Caravana da Comissão Nacional de Anistia do Ministério da
Justiça. O colegiado se ocupa de reparar politicamente perseguições
ocorridas nos anos de chumbo. Durante o ínterim, a Coordenadoria
Especial de Direitos Humanos do Estado articula exposições, teatros e
apoia agendas sociais, visando ampliar a lente sobre os graves
acontecimentos.
Esperamos que isso implique num avanço do processo
democrático no Ceará. Fortaleçamos a Comissão Estadual de Anistia.
Instituamos nossa própria Comissão da Verdade. Enfrentemos
definitivamente nossos algozes, retirando-lhes a glória de nominar
logradouros e alimentar monumentos. A construção da honestidade
histórica é uma contribuição que devemos legar às futuras gerações.
Avante democracia!
Marcelo Uchôa
Coordenador Direitos Humanos/CE
Fonte: Diário do Nordeste, 16/06/12, disponível em: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1149391
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