25/06/2012 - 21h28
Daniella Jinkings
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Em depoimento à Comissão Nacional da Verdade, o ex-delegado
do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) Cláudio Guerra
reafirmou os crimes que cometeu durante a ditadura militar (1964-1985).
Entre as denúncias, relatadas no livro Memórias de uma Guerra Suja,
está a incineração de corpos de militantes de esquerda na Usina
Cambaíba, em Campos dos Goytacazes, no norte do Rio de Janeiro.
De acordo com o coordenador da comissão, ministro Gilson Dipp, durante a
oitiva, Guerra sugeriu que o grupo ouvisse algumas pessoas citadas por
ele no livro. Em entrevista ao programa Observatório da Imprensa, da TV Brasil, Guerra fez um apelo aos militares que atuaram com ele durante o regime militar para que falassem sobre os crimes cometidos.
As denúncias de incineração de cadáveres feitas por Guerra estão sendo
investigadas pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal.
Perguntado sobre a possibilidade de as investigações atrapalharem os
trabalhos da Comissão da Verdade, Dipp disse apenas que é necessário
esclarecer que o grupo não é jurisdicional ou persecutório, nem trabalha
visando a fornecer dados para o Ministério Público.
“O Ministério Público trabalha numa linha própria e eu não conheço
nenhum detalhe. Se vai prejudicar, em um momento desses as pessoas podem
ter algum temor”, disse o ministro.
Dipp informou ainda que pretende convocar o tenente-coronel reformado Paulo Malhães, que em entrevista ao jornal O Globo
nesta segunda-feira (25), disse que jacarés e uma jiboia eram usadas
para torturar presos políticos. “Em uma conversa informal, demonstrei
minha opinião de que devemos ouvi-lo. [Malhães] é alguém que estará na
nossa pauta para oitiva”.
Edição: Rivadavia Severo
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