segunda-feira, 21 de maio de 2012

Comissão de Anistia vai julgar processo de Cabo Anselmo na próxima terça





O presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, informou em sua conta no Twitter que o colegiado vai julgar na próxima terça-feira (22/5) o caso do ex-marinheiro José Anselmo dos Santos, mais conhecido como Cabo Anselmo.

Composta por 24 conselheiros e ligada ao Ministério da Justiça, a comissão já analisou cerca de 60 mil processos de anistia envolvendo perseguidos políticos que foram afastados de seus trabalhos. 

Na década de 1960, o ex-militar Cabo Anselmo foi expulso da Marinha após um motim. Posteriormente, foi preso pela ditadura militar. Em troca da liberdade, Anselmo trocou informações com o delgado do Dops (Departamento de Ordem Política e Social) Sergio Paranhos Fleury e delatou inúmeros militantes da esquerda, que eram perseguidos pelas forças do regime militar.

Como espião infiltrado a serviço do Dops, Anselmo foi responsável por entregar aos militares a sua namorada, Soledad Viedma, que estava grávida e acabou sendo morta pelo aparelho de repressão.

Em entrevista concedida a uma emissora de televisão no ano passado, o Cabo Anselmo afirmou que vive “perseguido e como clandestino” até os dias de hoje. Para o ex-marinheiro, a esquerda que delatou nos anos da ditadura militar passou a persegui-lo após a redemocratização.

Anselmo reivindica uma identidade, uma vez que, oficialmente, não possui nenhum documento de identificação emitido pela União.
 
Repercussão

A decisão de analisar o caso do Cabo Anselmo pode gerar repercussão e polêmica, pois a Comissão de Anistia foi criada, em 2001, para julgar processos que envolviam perseguidos políticos impedidos de exercer atividade econômica.

Do volume de cerca de 60 mil casos já analisados, cerca de um terço foi negado; um terço foi aceito, mas sem reparação econômica; e um terço foi deferido com concessão de indenização.

Para requerer os reparos, é preciso que os perseguidos políticos — ou filhos, e viúvos ou viúvas — comprovem que sofreram as consequências da ditadura, tais como o exílio, mudança de cidade e perda de vínculos com a família.

Fonte: Última Instância, 19/05/12, disponível em: http://ultimainstancia.uol.com.br/conteudo/noticias/56243/comissao+de+anistia+vai+julgar+processo+de+cabo+anselmo+na+proxima+terca.shtml

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