quarta-feira, 2 de maio de 2012

Polícia investiga assassinato de líder indígena no Maranhão


Repórter da Rádio Nacional da Amazônia
Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A Delegacia da Polícia Civil em Grajaú, no Maranhão, está apurando quem são os autores do assassinato da líder indígena Maria Pereira Guajajara, de 52 anos, morta a tiros no fim de semana na Terra Indígena Cana Brava, que fica na zona rural do município.

O delegado Alexandro de Oliveira Passos Dias disse à Rádio Nacional da Amazônia que dois homens entraram de moto na aldeia, com a autorização da própria líder indígena, alegando que iriam vender roupas e acessórios. Depois, pediram para comprar cigarros de maconha. O marido da índia entrou na casa para buscar os entorpecentes. neste momento, um dos homens sacou a arma e atirou em Maria Pereira. Os suspeitos fugiram. Até o momento ninguém foi preso.

A líder assassinada era conhecida por denunciar crimes de pistolagem e casos de extração ilegal de madeira. O delegado não descarta, ainda, que o crime possa ter como motivação o tráfico de drogas ou assaltos dentro da Terra Indígena Cana Brava.

“Nós vamos verificar essas duas linhas de investigação. O próprio marido da vítima 'ventilou' essa linha de investigação”. Conforme Passos Dias, os índios cultivam maconha dentro da terra indígena, atividade tolerada apenas para consumo próprio, o que, segundo o delegado, não está ocorrendo na região.

Segundo o delegado, também são frequentes os assaltos na região, em especial na BR-226. “Dentro dessa reserva indígena passa uma BR. Tanto indíos quanto brancos praticam os assaltos, aproveitam os quebra-molas para praticar os assaltos, usando armas de fogo”.

Na próxima quinta-feira (3), os guajajaras devem fechar a Rodovia BR-226 para pedir mais segurança e monitoramento das aldeias.

A situação dos índios no Maranhão tem recebido atenção da opinião pública de outros países. Recentemente, uma organização não governamental (ONG) britânica iniciou campanha internacional em defesa dos índios awá-guajás, ameaçados pela exploração ilegal de madeira. A campanha conta com o apoio do ator Colin Firth, vencedor do Oscar de melhor ator em 2011 pela atuação no filme

Discurso do Rei.

Em 2011, quatro indíos foram assassinados no estado. Além de assaltos e tráfico de drogas, as mortes podem estar relacionadas com crimes ambientais. Conforme o Conselho Missionário Indigenista (Cimi), ligado à Igreja Católica, no ano passado, 3,2 mil metros cúbicos (m³) de madeira foram apreendidos. Madeira suficiente para encher 160 caminhões. Este ano, já foram apreendidos cerca de 1.000 m³ de madeira.
 
Edição: Vinicius Doria

Fonte: Agência Brasil,01/05/12, disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-05-01/policia-investiga-assassinato-de-lider-indigena-no-maranhao
Karina Cardoso

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